No Yoga, a consciência corporal é constantemente estimulada, uma vez que envolve a atenção plena nos movimentos, na respiração e nas posturas. A prática promove uma conexão profunda entre a mente e o corpo, favorecendo o equilíbrio, a flexibilidade e o bem-estar integral.
Embora seja parte da experiência proporcionada pelo Yoga, não é nele que a consciência corporal começa. Sabemos que no primeiro ano de vida, ainda bebê, é que o ser humano desenvolve a noção de que possui um corpo e que cada pedacinho desse corpo pode ser controlado por ele.
Nesse período, o bebê experimenta movimentos sem muito controle, como mexer os bracinhos, levantar e virar a cabeça para os lados, para trás e para frente e — num processo muito mais complexo — o próprio caminhar.
Dentro do corpo, esse processo acontece com o desenvolvimento gradual do que chamamos de sistema proprioceptivo, responsável por receber e ordenar informações externas ao corpo, encaminhando as respostas para a musculatura, que realiza uma ação específica.
Ainda que o desenvolvimento da propriocepção seja mais evidente durante a primeira infância, nós temos a capacidade de refinar os nossos movimentos durante toda a vida.
Nesse sentido, podemos dizer que consciência corporal é um reconhecimento contínuo sobre o posicionamento do corpo no espaço, das sensações e percepções desse corpo em relação a esse espaço e do controle sobre os movimentos que o corpo faz, incluindo seus limites. Continue a leitura para entender melhor!
O que é consciência corporal?
A consciência corporal é a habilidade de estar presente e sentir seus movimentos, sua postura e sua respiração com consciência. É uma prática que traz segurança e autonomia para o corpo e também para a mente. Contudo, não é fácil estar presente o tempo todo.
Pessoas que trabalham em posições repetitivas — como aquelas que trabalham usando o computador, sentadas na mesma posição por longos períodos — costumam acomodar-se em posturas erradas e que favorecem a formação de lesões articulares e musculares, especialmente na coluna, sem sequer se dar conta disso. Focadas na tela, não estão devidamente conscientes e conectadas ao seu corpo.
Outro exemplo são as pessoas com rotinas muito estressantes, em que a musculatura passa muito tempo tensionada e contraída, e o relaxamento é quase um sonho distante. Distraídas com suas tarefas e problemas, não observam as mudanças prejudiciais que acontecem em seus corpos, apenas quando sintomas físicos importantes aparecem.
Por que é importante ter consciência corporal?
Neste momento, você deve estar pensando que a simples atividade física é capaz de desenvolver a consciência corporal, mas alcançar esse autoconhecimento prático do próprio corpo é, na realidade, um processo profundo.
Até a prática de atividades físicas pode ser perigosa, especialmente quando o praticante não conhece ou ignora os limites de seu corpo — fazendo treinos exaustivos, focando em poucos grupos musculares e com pesos maiores do que o suportável.
A falta de consciência corporal, portanto, abre espaço para lesões, estiramentos, contusões musculares, rompimentos ligamentares e fadiga muscular excessiva — além de ser motivo para o afastamento da atividade física, gerando, inclusive, frustração e tristeza.
Quais são os pilares da consciência corporal?
A seguir, trago os principais elementos da consciência corporal. Confira!
Respiração
Respirar é algo que nosso corpo faz sem que precisemos prestar atenção — mas isso é somente uma parte da verdade. É claro que nós respiramos mesmo quando não estamos conscientes disso, mas a respiração pode ser controlada por nós, ainda que em momentos específicos, como na prática do Yoga.
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Cientificamente, a respiração influencia diretamente os batimentos cardíacos e estes, a liberação de determinados hormônios, como o cortisol, que está diretamente relacionado ao estresse. Dessa forma, desenvolver o controle da respiração pode ajudar a desacelerar o coração e, assim, diminuir a liberação de hormônios prejudiciais, trazendo relaxamento.
E isso é apenas um exemplo, entre vários outros benefícios que observamos na prática da respiração consciente.
Postura
Manter a postura correta durante muito tempo não é fácil. Quem passa muito tempo sentado, por exemplo, acaba se esquecendo de que estar parado também é movimento e tende a se acomodar em posturas superficialmente mais confortáveis, mas que diminuem a sustentação muscular da coluna e sobrecarregam as articulações das vértebras.
Com o tempo, esse comportamento cria problemas crônicos na coluna e nos quadris, causando dor e prejuízos nos movimentos e na qualidade de vida.
Nesse sentido, a consciência corporal inclui também a observação e a correção constantes da postura, inclusive quando estamos sentados — quando devemos manter a coluna ereta, o tórax distendido e os ombros alinhados.
Movimento
Corpo que não se movimenta, não chega a lugar algum. E não falo somente da atividade física intensa ou de atletas profissionais, mas do movimento que é aquilo que nos permite viver: produzir, criar, conviver, transitar.
Adquirir consciência corporal, observando atentamente os movimentos e as sensações do corpo, é a melhor forma de conhecer e respeitar os seus limites, sentir as mudanças do seu organismo e praticar atividades físicas de forma equilibrada, saudável e produtiva.
Mente
Unindo todos esses pilares, a consciência corporal reflete diretamente na mente quando nossa respiração controlada nos traz relaxamento; quando nossa postura firme traz disposição; e quando nossa presença aumentada nos faz sentir todas as alterações que nossos movimentos promovem, dentro e fora de nós.
Por isso, autoestima, autonomia e autocuidado são também consequências desse processo. Sua mente se faz mais forte e dona de si e, também, conta com mais ferramentas para combater problemas físicos e emocionais, como a depressão e a ansiedade.
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Como desenvolver a consciência corporal?
Recuperar a consciência corporal e mantê-la em desenvolvimento é uma tarefa mais simples do que se imagina, mas exige uma qualidade essencial, não tão simples assim: a constância.
Algumas práticas podem ser extremamente úteis nesse caminho, principalmente quando conjugam movimento, respiração e postura — como o Tai Chi Chuan, a dança e, claro, o Yoga.
Essas práticas promovem movimentos equilibrados, firmes e que, ao mesmo tempo, exigem grande concentração e presença — algo que também podemos chamar de meditação —, fortalecendo a sintonia entre o corpo e a mente.
Se concentrar profundamente na prática do Yoga é também um treinamento para aumentar a concentração no trabalho e a presença nas relações pessoais e familiares, integrando e beneficiando todos os setores da vida.
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O segredo dos resultados com essas práticas, como disse, é a constância: quanto mais se pratica, mais o organismo consegue se adaptar às mudanças propostas pelos exercícios de respiração, pelas posturas e movimentos (asanas), tornando as transformações no corpo e no comportamento mais perenes.
Já que chegou até aqui, aproveite para conhecer melhor o nosso método de Yoga, uma abordagem única que traz os pilares dessa prática milenar adaptadas às necessidades do mundo moderno. Venha desenvolver consciência corporal com o Yoga Adventure!
Sobre Claudia Faria
Claudia Faria é fundadora do método Yoga Adventure. Pratica Yoga desde os 14 anos, idade em que decidiu se tornar professora, e, aos 19, formou-se na primeira universidade de Yoga do país, Belas Artes e FAINC. Já ministrou cursos, palestras e workshops no Brasil, Estados Unidos, Europa e Argentina, e hoje atua como CEO do Grupo YA. É também escaladora e formada em Medicina Veterinária.